segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Minha pátria... minha língua...




















A voz do rapper Rappin' Hood ecoa no ambiente enquanto as palavras são projetadas lisergicamente nas paredes e nos tetos da praça da Língua, no Museu da Língua Portuguesa. Esse é hum dos momentos mais marcantes do audiovisual que é apresentado aos visitantes diariamente. As palavras são do poema atualíssimo de Gregório de Mattos Guerra, escrito no século 17 como huma crítica aos administradores de Salvador na época. Rappin' Hood declama o texto com voz raivosa e base de rap num efito hipnótico… o resultado pode ser considerado arrepiante!
Arrepiante, principalmente, porque o texto de Gregório de Mattos, mesmo depois de passados mais de 300 anos, ainda parece falar aos filhos do século 21.
E qual o veículo dessa interação entre os séculos… senão a língua?
Sim… é ela que permite hum texto escrito em anos remotos ressoar nas vozes dos bardos modernos. A língua mutável… adaptável… anamórfica… mas resiliente… que também é a identidade de huma nação, guardando em seu vernáculo a história dos povos que a formam.
Descobrir isso de maneira lúdica e interativa é apenas huma das experiências que os visitantes do Museu da Língua Portuguesa descobrem em seus corredores. Não huma coleção de relíquias como a palavra "museu" pode fazer pensar… mas hum registro da natureza mutável da nossa língua. Huma viagem que vale a pena ser apreciada.